A POBREZA EXTREMA NO BRASIL
População que recebe até R$ 70 por mês
LOCAL | GANHAM ATÉ R$ 70/MÊS | % DA POPULAÇÃO TOTAL |
Maranhão | 1.691.183 | 25,7 |
Piauí | 665.732 | 21,3 |
Alagoas | 633.650 | 20,3 |
Pará | 1.432.188 | 18,9 |
Amazonas | 648.694 | 18,6 |
Acre | 133.410 | 18,2 |
Ceará | 1.502.924 | 17,8 |
Bahia | 2.407.990 | 17,2 |
Roraima | 76.358 | 17,0 |
Paraíba | 613.781 | 16,3 |
Pernambuco | 1.377.569 | 15,7 |
Sergipe | 311.162 | 15,0 |
Rio Grande do Norte | 405.812 | 12,8 |
Amapá | 82.924 | 12,4 |
Tocantins | 163.588 | 11,8 |
Rondônia | 121.290 | 7,8 |
Mato Grosso | 174.783 | 5,8 |
Mato Grosso do Sul | 120.103 | 4,9 |
Minas Gerais | 909.660 | 4,6 |
Espírito Santo | 144.885 | 4,1 |
Rio de Janeiro | 586.585 | 3,7 |
Goiás | 215.975 | 3,6 |
Paraná | 306.638 | 2,9 |
Rio Grande do Sul | 306.651 | 2,9 |
São Paulo | 1.084.402 | 2,6 |
Distrito Federal | 46.588 | 1,8 |
Santa Catarina | 102.672 | 1,6 |
Brasil | 16.267.197 | 8,5 |
Sociedade rica é sociedade sem pobreza
Ângelo Marcos Arruda – Arquiteto e urbanista e professor da UFMS
Acabo de ler uma reportagem na ISTOÉ dessa semana acerca do Plano de Combate à Miséria que a Presidente Dilma prepara para lançar agora no mês de maio. Segundo a reportagem, o Brasil ainda tem 15 milhões de brasileiros que vivem com renda inferior a R$ 138,00 mensais, consideradas miseráveis em termos sócio-econômicos. Essas pessoas vivem na Região Norte (ribeirinhos), no Semi-Árido nordestino e na periferia das 11 regiões metropolitanas. Ao todo, somam 8% da população brasileira e cada família tem uma história bastante triste. Mulheres com filhos abandonadas pelos maridos; pessoas idosas largadas pelas famílias; moradores de favelas, barracos em áreas ocupadas nas cidades; guetos urbanos escondidos por detrás da urbanização ou em áreas de lixões. Coincidentemente semana passada, assisti ao filme “Lixo Extraordinário” um documentário que representou o Brasil no Oscar 2011 e que se baseia na ação do fotógrafo e artista plástico Vik Muniz na comunidade conhecida como Jardim Gamacho, no Rio de Janeiro, colada no maior aterro sanitário do Brasil onde residem milhares de pessoas que vivem do lixo ali depositado. Juntando essas duas coisas, resolvi abordar esse tema com a finalidade de discutir a pobreza nas cidades e em especial, Campo Grande. A Presidente Dilma adota, nesse momento, a frase “ País rico é pais sem pobreza” ao lado da marca BRASIL para marcar o seu governo, que anteriormente usada “ BRASIL: um país de todos” uma marca da inclusão. Como já temos uma nova classe média brasileira que surgiu nos últimos 10 anos e que se confirma o salto de inclusão com os programas sociais públicos, principalmente o federal, durante do governo Lula, agora temos de cuidar da erradicação da pobreza e da miséria, duas aliadas que andam juntas e que causam o maior estrago no tecido social do país. Pobreza e miséria em cidades é sinônimo de exclusão, de localização periferia. Não há uma só cidade no planeta que tenha bolsões de moradores pobres residentes em áreas centrais: local de pobre é na periferia. Isso nós sabemos. É aqui e é em qualquer lugar. Se é na periferia, é problema que o urbanismo deveria ser convocado para resolver, com ações de desenho da malha, de regularização do solo urbano, de novos conceitos de morar, de habitar, de recrear, enfim, de viver. É nesse campo que levanto o tema. Pobreza é também questão de urbanismo, como é a dengue ( quando os lotes baldios ficam entupidos de lixo), como é o transporte, o saneamento e a habitação. O combate à pobreza no Brasil é conhecido por toda a sociedade. Lembremos da Campanha pelo Combate à Fome do Betinho nos anos 1990; lembremos das ações pastorais, enfim. Mas as políticas sociais municipais deixam muito a desejar no campo do combate à pobreza. Para os prefeitos em geral, pobreza é assunto do governo federal. Prefeitura tem de cuidar do lixo, do asfalto, de novas obras de infra-estrutura, etc. Combater a pobreza e até o analfabetismo no Brasil republicano não é tarefa municipal; nem estadual. Pois bem. Se dependermos apenas do governo federal para resolver esse mais grave problema social brasileiro – a pobreza/miséria, levaremos décadas para equalizar, resolver. Mas se tivermos ações e políticas municipais e estaduais que incorporem a necessidade de entrar nessa seara, certamente a velocidade irá ajudar a reduzir o abismo que nos separa desses 15 milhões de brasileiros. Em Mato Grosso do Sul, a ação poderia ser integradora entre o governo, as universidades, as entidades mais ricas do estado, as grandes empresas e conglomerados, bancos, cooperativas, etc. Um plano vindo desse grupo, palmilhando todos os lugares e comunidades pobres, identificando e cadastrando os beneficiários, certamente teria um efeito nacional enorme. Quando o governo federal chegar com a sua proposta, MS terá orgulho de dizer que o dever de casa começou e a sociedade sul-mato-grossense sentirá orgulho de dizer para todos que sociedade rica é sociedade sem pobreza. Mãos à obra.
Professor Doutor da UFMS e 2. Vice Presidente da FNA
angelomv@uol.com.br
Blog www.arquitetoangeloarruda.blogspot.com
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